Ter
fluência em várias línguas, intercâmbio no exterior, cursos de especialização
ou domínio perfeito do Pacote Office. Todas essas qualidades podem ser
desperdiçadas em uma seleção para estágio se o estudante não souber falar ou
escrever o português corretamente. A deficiência é cada vez mais presente no
mercado, segundo recrutadores.
Tanto
que pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) mostra que 40% dos
candidatos são reprovados no teste justamente por isso. Essa falha é vista
também em profissionais mais experientes. O problema é considerado tão grave
para algumas funções que, mais do que servir como critério de desempate, pode
eliminar
candidatos da disputa. “O português é fator decisivo para que o
candidato se saia bem no processo seletivo, antes de qualquer outra língua”,
afirma a supervisora de seleção e recrutamento do Nube, Aline Barroso.Segundo ela, o português fraco é uma das maiores deficiências dos candidatos.
Os alunos de artes e design são os que mais erram – eles têm 70,59% de incorreções nos testes. Mas os mais eliminados são os estudantes de comunicação, com 43,67% de reprovações, já que nessa área o domínio do idioma é imprescindível. “Por outro lado, estudantes de engenharia e direito são os que mais se saem bem, com índice de acerto de 74,85% e 82,94%, respectivamente”, diz.
Segundo
Gilberto Cavicchioli, professor da ESPM no curso de pós-graduação nas
disciplinas de gestão de pessoas, a maioria dos erros é dos candidatos mais
jovens e a tolerância das empresas para isso é bem pequena. “O problema com os
jovens pode estar ligado ao ‘linguajar de computador’, ou seja, abreviações e
gírias que usam para conversar nas redes sociais. São erros de português muito
básicos, o que faz com que as empresas interpretem isso de forma muito negativa”,
diz. Mais leitura Cavicchioli alerta também que um erro de português pode
atrapalhar um currículo mais encorpado. “As pessoas devem tomar muito cuidado
com isso. A dica é que invistam mais tempo na leitura, principalmente, de
escritores mais conceituados.”
A
psicóloga Regiane Pinheiro, que atua no setor de recrutamento de empresas há 15
anos, diz que a dificuldade com o português, além dos erros de ortografia,
também está relacionada à baixa qualidade das redações. “Lidamos muito com
ausência de parágrafos, abreviação inadequada, ausência de concordância verbal,
falta de organização de ideias e desenvolvimento do tema”, conta. Regiane
afirma que já encerrou processos seletivos sem a contratação por conta do nível
dos candidatos na comunicação escrita.
Marcelo
Maron, diretor executivo de um grupo que preferiu não ter o nome divulgado,
afirma que o português é um dos maiores problemas de quem concorre a uma vaga
de emprego. “Muitas vezes a pessoa é eliminada do processo seletivo por causa
disso. É um fator decisivo. Hoje as pessoas se falam muito por e-mail no
ambiente profissional. Funcionário que não sabe escrever não cresce.”
Fonte:
LIGIA TUON – Estadão.com.br
2 comentários:
Realmente interessante! Gostei da matéria. Parabéns!
Muito legal a Matéria!! :)
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