Alguém que não tem mais desculpas
para não cumprir a missão que a alma escolheu. Alguém que não tem limites. Isto
é "bom e ruim" ao mesmo tempo. Não ter limites para a grande aventura
da alma, com sabedoria, discernimento e muita criatividade, conduz-nos à
manifestação mais elevada de nosso ser. Isto é muito bom.
Porém, não ter limites, sem ter
conhecido o real conteúdo do nosso inconsciente, que inclui várias expressões
de nosso lado mais cruel e perverso, e sem assumir plena responsabilidade por
esse nosso lado, é algo perigoso tanto para nós, quanto para as pessoas com as
quais interagimos. Não tendo medo de nada, somos tiranos perigosos, achando que
somos Deus, sem ter a mínima noção de respeito ao outro e, também, não temos
noção de perigo, o que pode nos levar a entrar em um jogo autodestrutivo.
Não há nada de errado em contermos
esses conteúdos destrutivos, pois esta É a condição humana, todos nós
carregamos essa bagagem negativa, não dá para estarmos encarnados aqui na
dualidade sem contermos esses aspectos destrutivos. Portanto, o problema não
está em conter aspectos negativos, mas em tentarmos esconder de nós mesmos e do
mundo tudo aquilo que há de verdade dentro de nós.
Quanto mais reprimimos e negamos
esses aspectos, mais nos aprisionamos num emaranhado de estratégias e condições
que criamos para sermos os seres mais perfeitos e adequados para apresentarmos
ao mundo. Este emaranhado vai crescendo e cristalizando e chega um momento em
que estamos tão travados dentro dessa estrutura que já não conseguimos mais
saber quem realmente somos.
Se passamos a conhecer essa realidade
interna e se a aceitamos com naturalidade, começamos a ter um relacionamento
com nosso Eu mais profundo e, com isso, aprendemos a educar e a desenvolver
esse nosso lado negativo, para utilizá-lo como força, de forma saudável e
segura.
Quando passamos por um processo de autoconhecimento e aprendemos a aceitar e a
lidar com esses aspectos em nós, entramos em uma nova etapa de nosso processo
de desenvolvimento que nos conduz ao ponto em que estamos mais prontos para
começarmos a nos desapegarmos do medo. Sim, somos apegados ao medo, aprendemos
a viver com ele durante toda a nossa vida e tudo gira em torno do medo, ele
passa a ser a nossa bússola, a nossa espada, a nossa segurança, o nosso limite,
dentre muitas outras funções que o medo exerce em nossa vida. Através do medo,
sempre sabemos o que fazer e o que não fazer e isso ocorre o tempo todo dentro
de nós, mas estamos tão condicionados a essa forma de viver, que já nem a
percebemos racionalmente. É assim que é, pois já viemos carregados de medo e
desde o nosso nascimento já nos impuseram alguns medos e aprendemos tantos
outros medos pela vida afora. Assim, o medo faz parte não só da nossa existência,
mas faz parte de nós.
Só sabemos viver com medo. O medo nos
protege contra o fluxo e o fazer natural que a alma quer nos impor. Quando
então nos vemos prestes a começar a perder o medo, simplesmente travamos de
medo. Sim, entramos em pânico diante da possibilidade de perdermos nosso precioso
companheiro medo. De todos os medos que já experimentamos em nossa vida, este é
um dos medos mais difíceis de experienciarmos, pois não temos nenhuma
referência sobre ele em nossos arquivos internos que nos ajude a identificar
esse tipo de medo, e o desconhecido é sempre mais assustador. Para todo medo
que carregamos, sempre temos uma bagagem com recursos para superarmos,
reagirmos e enfrentarmos qualquer medo.
Porém, para o medo de perder o medo,
não encontramos nenhum recurso habitual para podermos enfrentá-lo e superá-lo.
E o medo aumenta.
Quando seguimos a trajetória da alma e somos impulsionados a perder o medo, o
ego se impõe e nos anestesia, criando uma total falta de sentido em nossa vida,
o que leva ao desânimo e à apatia. Aqui, ele se protege, pois sem vontade e
ânimo, não queremos mais nada, nem mesmo nos interessamos mais em saber o que
está acontecendo dentro de nós, o que sempre nos leva à superação. O ego não
tem o mínimo interesse em perder o medo, pois isso o colocaria em sérios riscos
de SER e ESTAR na expressão da alma.
Por um lado, então, estamos inconscientemente paralisados de medo de perder o
medo e, por outro, para que não possamos tomar consciência disso - o que nos
colocaria na vontade de transcendermos esse "novo medo" -, estamos
anestesiados e desanimados. Pronto, não queremos mais nada. Muito confortável
para o ego, mas até certo ponto, pois esse conforto é só no sentido de que ele
se sente fora do risco de perdermos o medo, porém, quando este anestesiamento e
falta total de vontade diante da vida se estendem por muito tempo, o ego começa
a se sentir agoniado, pois mesmo que ele escolha "dormir" o tempo
todo, chega um momento em que ele não tem mais "sono" e isso faz com
que queira algo... Cria-se um conflito entre o querer e o não querer e é neste
momento que a alma tem uma pequena chance de ganhar força e poder para nos
mostrar que o que está nos acontecendo neste momento, é que estamos prestes a
perder o medo, para simplesmente começarmos a SER naturalmente. Apesar de a chance
ser pequena, se somos buscadores perseverantes e atentos a nós mesmos, isto é
suficiente para conseguirmos captar a mensagem da alma e tomarmos consciência
dessa realidade.
Assim, com consciência e
responsabilidade, podemos assumir a postura e a atitude de aceitarmos o grande
desafio de perder o medo, mesmo sabendo que não sabemos nem por onde começar,
pois isso é totalmente novo em nossa vida. Mas a intenção é poderosa e nos
enche de vontade e isso faz com que, naturalmente, a alma possa nos oferecer todos
os recursos e a orientação adequada para nos conduzir à abertura para a vida
sem medo.
Tudo é muito simples, é o ego que complica para que a vida se torne
mais saborosa, o ego gosta de uma grande, louca e terrível aventura e quanto
mais dificuldades houver, mais ele se sente poderoso e vitorioso a cada
conquista. Viver sem medo é viver com naturalidade e espontaneidade, num fluir
de eventos e condições, externas e internas, que acontecem naturalmente, na
dança da vida. Aqui a aventura de viver acontece em outros níveis, sem
sofrimento, sem tormentos e sem anestesiamento. Tudo é puro fazer, fluir,
realizar e manifestar em pura expressão de alma. Mas teremos que aprender a
viver nesta nova condição e nos adaptarmos a esse novo tipo de prazer de uma
vida simples e tranquila pelo fluir dos acontecimentos...
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por Teresa Cristina Pascotto - crispascotto@hotmail.com Atuo através da manifestação de meus dons naturais, sou sensitiva. Desenvolvi um trabalho de Aconselhamento Terapêutico, com metodologia própria. Considero-me uma pesquisadora do insconsciente, sempre em busca de novos conhecimentos sobre realidade oculta na mente humana.
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