Quem é você, sem medo?


por Teresa Cristina Pascotto

Alguém que não tem mais desculpas para não cumprir a missão que a alma escolheu. Alguém que não tem limites. Isto é "bom e ruim" ao mesmo tempo. Não ter limites para a grande aventura da alma, com sabedoria, discernimento e muita criatividade, conduz-nos à manifestação mais elevada de nosso ser. Isto é muito bom.

Porém, não ter limites, sem ter conhecido o real conteúdo do nosso inconsciente, que inclui várias expressões de nosso lado mais cruel e perverso, e sem assumir plena responsabilidade por esse nosso lado, é algo perigoso tanto para nós, quanto para as pessoas com as quais interagimos. Não tendo medo de nada, somos tiranos perigosos, achando que somos Deus, sem ter a mínima noção de respeito ao outro e, também, não temos noção de perigo, o que pode nos levar a entrar em um jogo autodestrutivo.

Não há nada de errado em contermos esses conteúdos destrutivos, pois esta É a condição humana, todos nós carregamos essa bagagem negativa, não dá para estarmos encarnados aqui na dualidade sem contermos esses aspectos destrutivos. Portanto, o problema não está em conter aspectos negativos, mas em tentarmos esconder de nós mesmos e do mundo tudo aquilo que há de verdade dentro de nós. 

Quanto mais reprimimos e negamos esses aspectos, mais nos aprisionamos num emaranhado de estratégias e condições que criamos para sermos os seres mais perfeitos e adequados para apresentarmos ao mundo. Este emaranhado vai crescendo e cristalizando e chega um momento em que estamos tão travados dentro dessa estrutura que já não conseguimos mais saber quem realmente somos.

Se passamos a conhecer essa realidade interna e se a aceitamos com naturalidade, começamos a ter um relacionamento com nosso Eu mais profundo e, com isso, aprendemos a educar e a desenvolver esse nosso lado negativo, para utilizá-lo como força, de forma saudável e segura.

Quando passamos por um processo de autoconhecimento e aprendemos a aceitar e a lidar com esses aspectos em nós, entramos em uma nova etapa de nosso processo de desenvolvimento que nos conduz ao ponto em que estamos mais prontos para começarmos a nos desapegarmos do medo. Sim, somos apegados ao medo, aprendemos a viver com ele durante toda a nossa vida e tudo gira em torno do medo, ele passa a ser a nossa bússola, a nossa espada, a nossa segurança, o nosso limite, dentre muitas outras funções que o medo exerce em nossa vida. Através do medo, sempre sabemos o que fazer e o que não fazer e isso ocorre o tempo todo dentro de nós, mas estamos tão condicionados a essa forma de viver, que já nem a percebemos racionalmente. É assim que é, pois já viemos carregados de medo e desde o nosso nascimento já nos impuseram alguns medos e aprendemos tantos outros medos pela vida afora. Assim, o medo faz parte não só da nossa existência, mas faz parte de nós.

Só sabemos viver com medo. O medo nos protege contra o fluxo e o fazer natural que a alma quer nos impor. Quando então nos vemos prestes a começar a perder o medo, simplesmente travamos de medo. Sim, entramos em pânico diante da possibilidade de perdermos nosso precioso companheiro medo. De todos os medos que já experimentamos em nossa vida, este é um dos medos mais difíceis de experienciarmos, pois não temos nenhuma referência sobre ele em nossos arquivos internos que nos ajude a identificar esse tipo de medo, e o desconhecido é sempre mais assustador. Para todo medo que carregamos, sempre temos uma bagagem com recursos para superarmos, reagirmos e enfrentarmos qualquer medo. 

Porém, para o medo de perder o medo, não encontramos nenhum recurso habitual para podermos enfrentá-lo e superá-lo. E o medo aumenta. 
Quando seguimos a trajetória da alma e somos impulsionados a perder o medo, o ego se impõe e nos anestesia, criando uma total falta de sentido em nossa vida, o que leva ao desânimo e à apatia. Aqui, ele se protege, pois sem vontade e ânimo, não queremos mais nada, nem mesmo nos interessamos mais em saber o que está acontecendo dentro de nós, o que sempre nos leva à superação. O ego não tem o mínimo interesse em perder o medo, pois isso o colocaria em sérios riscos de SER e ESTAR na expressão da alma.

Por um lado, então, estamos inconscientemente paralisados de medo de perder o medo e, por outro, para que não possamos tomar consciência disso - o que nos colocaria na vontade de transcendermos esse "novo medo" -, estamos anestesiados e desanimados. Pronto, não queremos mais nada. Muito confortável para o ego, mas até certo ponto, pois esse conforto é só no sentido de que ele se sente fora do risco de perdermos o medo, porém, quando este anestesiamento e falta total de vontade diante da vida se estendem por muito tempo, o ego começa a se sentir agoniado, pois mesmo que ele escolha "dormir" o tempo todo, chega um momento em que ele não tem mais "sono" e isso faz com que queira algo... Cria-se um conflito entre o querer e o não querer e é neste momento que a alma tem uma pequena chance de ganhar força e poder para nos mostrar que o que está nos acontecendo neste momento, é que estamos prestes a perder o medo, para simplesmente começarmos a SER naturalmente. Apesar de a chance ser pequena, se somos buscadores perseverantes e atentos a nós mesmos, isto é suficiente para conseguirmos captar a mensagem da alma e tomarmos consciência dessa realidade.

Assim, com consciência e responsabilidade, podemos assumir a postura e a atitude de aceitarmos o grande desafio de perder o medo, mesmo sabendo que não sabemos nem por onde começar, pois isso é totalmente novo em nossa vida. Mas a intenção é poderosa e nos enche de vontade e isso faz com que, naturalmente, a alma possa nos oferecer todos os recursos e a orientação adequada para nos conduzir à abertura para a vida sem medo. 

Tudo é muito simples, é o ego que complica para que a vida se torne mais saborosa, o ego gosta de uma grande, louca e terrível aventura e quanto mais dificuldades houver, mais ele se sente poderoso e vitorioso a cada conquista. Viver sem medo é viver com naturalidade e espontaneidade, num fluir de eventos e condições, externas e internas, que acontecem naturalmente, na dança da vida. Aqui a aventura de viver acontece em outros níveis, sem sofrimento, sem tormentos e sem anestesiamento. Tudo é puro fazer, fluir, realizar e manifestar em pura expressão de alma. Mas teremos que aprender a viver nesta nova condição e nos adaptarmos a esse novo tipo de prazer de uma vida simples e tranquila pelo fluir dos acontecimentos... 

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por Teresa Cristina Pascotto - crispascotto@hotmail.com   Atuo através da manifestação de meus dons naturais, sou sensitiva. Desenvolvi um trabalho de Aconselhamento Terapêutico, com metodologia própria. Considero-me uma pesquisadora do insconsciente, sempre em busca de novos conhecimentos sobre realidade oculta na mente humana.





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