"...E no
escritório onde trabalho e fico rico, quanto mais eu multiplico, diminui o meu
amor!" Belchior
Vivemos na cultura da
separação. Homem e
mulher, chefe e subordinado, novo e velho, amor e dinheiro, "monges"
e "executivos", para utilizar o título de um famoso e ótimo
livro.
Neste cenário, somos logo rotulados. De um lado a turma "zen", formada do
pessoal que é "holístico", gosta de meditar, vive tomando reiki e
repensando o ser. Turma voltada para a qualidade de vida e para a
espiritualidade. Do outro lado, temos a turma "cartesiana", formada
por gente que é racional, "olho de vidro", voltada para os resultados
e para os números.
Vivem competindo, cada
um se sentindo superior e procurando ridicularizar
o outro, através do seu preconceito. A turma Zen, chamando os cartesianos de estressados e sem coração e os Cartesianos devolvendo, chamando-os de sonhadores e sem objetividade. E assim, vão transformando suas existências em uma grande partida de futebol, no campeonato da vida.
Na minha vivência com
pessoas, entendo que precisamos descobrir que trazemos em essência aspectos de
monge e de executivo. Entender que por formação, deformação, história pessoal
ou influência, escolhemos um ou outro para acolher, o que acaba sendo um desperdício, pois precisamos das duas bandas
da laranja para fazer o suco da vida.
Descobrir que a
palavra chave do terceiro milênio é inclusão,
praticar o "e" e não o "ou" e que será bem sucedido quem
utilizar o caminho do meio e o tempo certo para cada propósito, tempo para agir
e tempo para refletir, tempo para a razão e para o resultado e tempo para a
emoção e para a divindade.
Sábio não é aquele que
representa no teatro da vida o papel de monge ou de executivo, muitas vezes
atendendo a uma demanda externa que não é de sua alma ou a um script que não
lhe pertence. Sábio é aquele que é benevolente com suas contradições e que faz
o casamento interno entre seus opostos, na busca do ser integral.
Por fim, entendo que
sábio é o que compreende que a vida tem seus mistérios e suas demandas próprias
e que ela sempre nos convida, nas calmarias e nas tempestades, a exercer nossos
tempos internos. Que ela nos convida a viver o côncavo e o convexo, sendo o concreto, mais também
sendo o abstrado.
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Victoriano
Garrido Filho
Diretor de Educação Corporativa da ABRH-BA
vgarrido@terra.com.br
Diretor de Educação Corporativa da ABRH-BA
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