A capacidade de se manter interessante
para o mercado de trabalho é o grande desafio das próximas décadas. Este artigo
apresentará os aspectos que levaram à esta realidade e o que é preciso fazer
para que a empregabilidade torne-se uma realidade.
Existe
uma divisão acadêmica quanto à visão do mercado de trabalho e suas implicações.
Uma vertente acusa o sistema produtivo de abandonar os trabalhadores excluídos
da sociedade do conhecimento, que se aglutinarão em guetos, reivindicando
trabalho, rendimentos, vida digna e valorização social. Tal previsão se
assemelha muito com os conflitos sociais ocorridos na França, que se explicava
não só de um caso de exclusão social de imigrantes, mas uma conseqüência do
caos do desemprego que assola a sociedade francesa, bem como dos principais
países desenvolvidos da Europa. No Brasil, tal fenômeno tem sido ocultado pelo
significativo crescimento da economia local, que proporciona um impacto direto
na criação de empregos e novas nas oportunidades em segmentos inexplorados ou o
surgimento de empregos pelo crescimento atual da economia.
A
outra vertente, mais otimista e positivista, percebe a tecnologia como um
elemento libertador do homem, onde este terá mais liberdade de utilizar sua
subjetividade em atividades que necessitem do sentimento e percepção humana.
Desta forma, o homem teria mais tempo para dedicar-se a família, ao lazer, e
ainda, qualificar-se para atender as novas demandas do mercado de trabalho, que
requerem mão de obra qualificada, flexível e preparada para atender às pressões
do mundo atual. Além do já exposto, segundo essa vertente, acredita-se que os
atuais empregos e os postos de trabalho em extinção serão substituídos por
profissões com alto teor de tecnologia e menos necessidade de “trabalho
braçal”, tornando a sua rotina mais dependente conhecimento humano e do
diferencial que ele pode proporcionar ao produto/serviço da empresa. Ainda, a
cada posto de trabalho extinto, será criado outro com maior necessidade de
qualificação e capacidade subjetiva, assim não há potencial desemprego, mas uma
troca de mão de obra com baixo nível de qualificação por outra mais preparada,
ou o que os teóricos chamam de trabalhador do conhecimento.
Este
trabalho não tem a pretensão de se posicionar quanto ao impacto da tecnologia
no mercado de trabalho, mas sim analisar o conceito de empregabilidade e suas
implicações no emprego e na recolocação profissional no mercado de trabalho.
O conceito de empregabilidade
É
notória a necessidade de qualificação do trabalhador para que ele se mantenha
atrativo para o mercado de trabalho. Mais que isso, é preciso perceber as
necessidades deste mercado e ter visão de quais competências serão
imprescindíveis para as organizações no futuro.
Empregabilidade
significa desenvolver um conjunto de habilidades, aptidões e conhecimentos
compatíveis com as exigências do mercado de trabalho, de forma a considerar um
perfil profissional interessante e atraente para futuros empregadores. Num
mercado dinâmico e mutável, ter empregabilidade significa tornar-se altamente
flexível, visto que os pré-requisitos, as exigências para ocupação dos diversos
casos mudam com freqüência.
São
necessárias diversas competências para que a empregabilidade torne-se realidade
em um contexto prático, é preciso que sejam desenvolvidas uma série de
habilidades e atitudes que são as bases da sociedade do conhecimento, como
apresentado abaixo:
-
Especialização;
-
Percepção da diversidade cultural e de conhecimentos;
-
Trabalho em equipe;
-
Gestão por resultados;
-
Aprendizagem contínua;
-
Busca de trabalho com significado;
-
Raciocínio criativo e resolução de problemas;
-
Desenvolvimento de liderança;
-
Autogestão da carreira;
-
Autoconhecimento.
A
capacidade de gerir a própria vida profissional é agora considerada uma
competência adquirida e necessária para todas as outras competências exigidas
no ambiente de negócios.
Abaixo
estão citados alguns fatores que influenciam na empregabilidade dos
trabalhadores:
•
As mudanças no mercado de trabalho são muito ágeis e as tendências de ocupação
se modificam rapidamente;
•
Novas carreiras e oportunidades surgem da noite para o dia, em ritmo nunca
visto na história da humanidade;
•
O desafio agora é tentar identificar quais segmentos serão mais promissores;
•
Antes, o conhecimento que se adquiria em uma faculdade era combustível
suficiente para os próximos 20 anos de trabalho;
•
É preciso voltar a estudar a cada dois ou três anos para estar em sintonia com
o mercado;
•
Velocidade e risco são as variáveis chaves da gestão de negócios e das
carreiras;
•
Hoje, a ênfase não é mais nas profissões, e sim nas competências para o
desenvolvimento de atividades específicas;
•
Conhecimento não é tudo. É preciso unir várias capacidades, ter intuição, saber
tomar decisões rápidas;
•
Hoje, quando se contrata alguém, não é para assumir um cargo, mas para
solucionar desafios. E isso está alterando profundamente o perfil dos
profissionais em geral;
•
Existem mercados promissores para profissionais competentes;
•
Não importa o curso, ninguém deve perder de vista a necessidade de estudar
muito;
•
Só alguém que estuda com afinco consegue acompanhar esse ritmo.
É
nítida a diferença entre o trabalhador do passado e o trabalhador do futuro. O
trabalhador atual desenvolveu uma série de competências que o torna mais
competitivo e participativo frente ao negócio da empresa. Não basta ser
comprometido, é preciso conhecer o mercado de atuação da companhia e empreender
suas competências nos pontos críticos do negócio, afim de garantir vantagem
competitiva à organização.
Nota-se
a importância do aprendizado contínuo no trabalhador atual e o seu
comprometimento no negócio, além do entendimento da sua importância no negócio
de forma sistêmica. O conceito de organizações que aprendem está associado a
organizações que possuam em seu quadro funcional pessoas com elevada capacidade
de inovação, criatividade e que se reinventem a todo o momento.
Marcelo Lobo é Administrador, Especialista em Gestão de Recursos Humanos - UFF. Atua como professor do SENAI/FIRJAN, palestrante na área de T&D e Gestão do Conhecimento.