Uma reflexão sobre as mudanças comportamentais na era
globalizada da informação e do conhecimento, bem como seu impacto na questão
dos valores organizacionais.
Valores Organizacionais: como alcançá-los?
Globalização, redes sociais, mundo sem
fronteiras... Vivemos na era da informação, também chamada era digital.
O que isso representa na vida de cada um de
nós?
Os hábitos mudam, os comportamentos
encontram-se cada vez mais controversos; princípios de vida, valores morais,
tornaram-se diretrizes esquecidas em algum lugar do passado...
A vida agitada, corrida em busca de inúmeras
atividades profissionais e de capacitação intelectual, permite-nos cada vez
menos tempo livre para as coisas simples, como visitar um familiar, receber
amigos, compartilhar momentos de lazer, um passeio pela cidade, um encontro no
parque...
Nossos passatempos resumem-se em cansativas
tardes pelos shoppings centers, de forma a alimentar o consumismo que se tornou o grande
responsável pelo status social, ou a navegação por horas seguidas no mundo
virtual, onde as amizades e relacionamentos são mantidos como se a presença
física, o toque, o olhar, não fossem mais uma necessidade para o ser humano,
tornando a convivência algo sem importância e aos poucos muito difícil, já que
os vínculos afetivos tornaram-se cada vez mais escassos, superficiais e
descartáveis.
Esta é uma realidade que se estende aos
ambientes de trabalho, onde uma grande maioria de nós passa a maior parte do
dia, muitas vezes até, revezando-se em turnos que parecem não ter fim. É
exatamente dentro destas empresas e instituições onde mais se presencia a
crescente dificuldade em se manter relacionamentos interpessoais saudáveis e comportamentos pautados na
ética, desencadeando desequilíbrios emocionais e psicológicos a nível
individual e à falência moral, a nível organizacional.
É claro que sendo as empresas formadas pelas
pessoas que as compõem, os valores organizacionais irão refletir os valores
pessoais destes que fazem parte do seu quadro. Por conseguinte, se estas
pessoas que adentram o cenário laboral chegam com todas as dificuldades de comportamento, de
convivência, de estabelecimento de vínculos afetivos e de padrões éticos e
morais em suas vidas pessoais, como esperar que se tornem receptivos aos
valores definidos e difundidos pela empresa?
Como estabelecer esta ponte?
Segundo Clarissa ferreira, em seu artigo
“Postura Humana: a chave para o sucesso profissional”, com as novas concepções
de mercado, “o trabalho passou a ser visto não apenas como atividade de
conhecimento ou habilidades, mas de postura profissional”.
De minha parte, acredito que justamente é a
postura e somente ela, que poderá fazer com que esta situação caótica, desta
cultura cada vez mais disseminada e permissiva da corrupção, das vantagens
ilícitas, da competitividade sem freios, sem limites, seja de alguma forma
modificada.
Antônio Raimundo dos Santos, doutor em
Filosofia e especialista em Comportamento Humano nas Organizações, em sua aula
“Mudanças Comportamentais”, explica que essa nova concepção de comportamento profissional requer
algumas características do trabalhador da era da informação e do conhecimento:
“responsabilidade pelo próprio trabalho, saber administrar a si mesmo pelo
autocontrole, partilhar da responsabilidade de estabelecer e atingir metas e
objetivos organizacionais e que, mais do que cumprir um dever, seja capaz de ter
uma postura e conduta ética”.
Esta postura pode ser observada nas atitudes do
funcionário, na forma como ele age e reage às diferentes situações de seu
dia-a-dia; como enfrenta a contínua influência negativa de uma cultura
organizacional muitas já viciada. Esta forma de “ser”, tornou-se uma realidade
tão séria que hoje pode-se dizer que “desempenho é mais fácil de se conseguir e
se ensinar do que postura” e que “entre um bom desempenho com base em posturas
duvidosas e um desempenho menos brilhante, mas com base em uma boa postura,
provavelmente, ficaríamos com o segundo”. (Antônio Raimundo dos santos)
O que seria então uma boa postura?
Ainda de acordo co Antônio Raimundo, boa
postura seria algo muito simples de se alcançar, bastando para isso, que se
mantenha um questionamento constante consigo mesmo: “o que eu faço quando não
tem ninguém me vendo fazer”?
Será que poderíamos nos orgulhar de nossa postura ao respondermos esta questão?
No momento em que alcançarmos efetivamente, tanto no âmbito individual quanto
no coletivo, uma resposta positiva a esta questão, com certeza estaríamos mais
perto de alcançarmos também, ambientes de trabalho com mais valores
organizacionais sendo cumpridos na prática e não apenas enfeitando slogans ou
paredes de nossas empresas.---------------------------------------------------
Sobre o Autor:
Jane Aparecida Buzzi Pereira Neves
Psicóloga da
Secretaria de Administração e Recursos Humanos do Serviço Público Municipal e
Professora de Psicologia Organizacional do Curso de Administração da Faculdade
Expoente.
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