Muito bem treinados para o exercício da moral, mas e quanto à ética?
Entendidos de que ética tem ampla relação com os princípios ideais da
conduta humana, e moral à prática dos bons costumes em sociedade, ao entrarmos
de cabeça no assunto fica difícil entender porque esses dois conceitos não
caminham juntos na prática, já que (na teoria) ambos poderiam, basicamente, ser
aplicados como consequência um do outro.
Pensando-os separadamente, no caso da moral, é mais comum a encontrarmos
em nosso dia a dia, visto que exercer uma conduta moral é premissa básica para
se ter a mínima aceitação em sociedade, como jogar lixo no cesto de lixo, por
exemplo. Já a ética é algo mais profundo, ligado ao caráter construído ao longo
da vida, mas que não necessariamente lhe torna suscetível a algum tipo de
punição ou exclusão por uma atitude considerada não ética pela maioria, como
fazer a coleta seletiva do seu lixo.
Levando esses conceitos para o universo corporativo e fazendo uma
análise muito particular, acredito que a facilidade no acesso ao julgamento da
maioria pelo certo e pelo errado através dos meios de comunicação, somados à
nítida escassez de educação familiar, tornou as pessoas muito mais preparadas
para o exercício da moral com suas gentilezas, mas facilmente corrompidas
quando colocadas à prova de seu caráter.
Exemplos disso estão nos desabafos surpreendentemente sinceros de quem
costuma ter sempre um discurso pronto, nas decisões individuais de impacto
coletivo ou nos trabalhos coletivos de avaliação individual, na pressão para se
manter sempre bem relacionado e no constante jogo de interesses que precisamos
saber lidar diariamente.
Mas como ficaria então o papel de um líder ao assumir a posição de
propulsor de um ambiente de trabalho mais ético em meio a um universo altamente
competitivo, para estimular o exercício de alguns valores entre sua equipe, de
modo que isso se torne, no futuro, parte do caráter de cada um deles?
A reflexão fica ainda mais desafiadora ao perceber a amplitude das
variáveis envolvidas no contexto da ética, pois o que pode ser ético para mim,
pode não ser para você, e cá entre nós, na prática, nunca haverá argumentos
suficientes para fazer o outro acreditar que uma atitude foi eticamente correta
ou incorreta se ambos não forem anteriormente semelhantes em seus valores.
Devaneios à parte, deixo a
reflexão a outras cabeças pensantes na esperança de que um dia esse assunto
esteja mais presente, não só nas grandes convenções, mas nas conversas de
corredor, nas rodas de bar ou quando ninguém estiver olhando.
Beatriz Carvalho
Beatriz Carvalho é formada em Comunicação Social com habilitação em
Relações Públicas, escreve sobre carreira e geração Y há 6 anos e
atualmente é consultora de gestão na TOTVS Consulting. Gosta de transformar
todas as suas experiências marcantes em textos, pois acredita no poder da
transformação através da transferência de conhecimento.
Original em: http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/etica-o-que-voce-faz-quando-ninguem-esta-olhando/71440/
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